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As mudanças nas relações de trabalho com a Geração Z: desafios e perspectivas para o futuro profissional

17 de junho de 2025

Última atualização: 17 de junho de 2025

6 min

As mudanças nas relações de trabalho com a Geração Z: desafios e perspectivas para o futuro profissional

A Geração Z, composta por pessoas nascidas entre 1995 e 2010, corresponde à primeira geração nativa digitalmente. Esses jovens cresceram em um mundo conectado e globalizado, fatores que moldaram suas expectativas e valores. Com sua inserção no mercado de trabalho, surgiram diversas discussões e críticas sobre seu posicionamento dentro das instituições. Ao contrário das outras gerações, esses indivíduos adotam um comportamento diferente em seus campos de atuação e são muitas vezes rotulados como impacientes, instáveis e intolerantes.

Antigamente, era comum que as pessoas seguissem um caminho profissional tradicional, em que buscavam carreiras para exercer durante toda a vida, e ao encontrar um emprego estável, permaneciam nele até se aposentar. Os objetivos centrais de um colaborador eram a estabilidade e a construção de uma carreira linear. Atualmente, o cenário é outro. A Geração Z recusa-se a seguir esse caminho pré-estabelecido, priorizando qualidade de vida, flexibilidade, autonomia, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e busca por propósito e significado. Esse comportamento dentro do mercado se traduz em um currículo fragmentado, com experiências de poucos meses em cada empresa.

Segundo os dados do Ministério do Trabalho e Previdência coletados em 2020, quase um quarto dos jovens entre 18 e 24 anos permanece em uma empresa por pouco menos de três meses. Enquanto os trabalhadores de 50 a 64 anos, ficam 10 anos ou mais num mesmo emprego.


Insatisfação com o modelo vigente

O que a geração Z busca ao expressar insatisfação com o modelo de trabalho atual, é uma reformulação do mercado, com maior flexibilidade e humanidade, para permitir que os trabalhadores se sintam mais realizados nos cargos que ocupam. A jornada de trabalho de 4 dias, modelos de trabalho híbridos ou home office são exemplos de grande potencial dentro desse contexto.

A geração também evita trabalhar em empresas cujos valores entram em conflito com suas convicções, especialmente aquelas que não demonstram compromisso com sustentabilidade, diversidade ou ética. O salário, apesar de continuar sendo um fator importante, não é mais o único determinante na escolha de uma empresa. Questões como responsabilidade social, inclusão e saúde emocional estão no topo da lista.

Segundo Daniela Diniz, Diretora de Conteúdo e RI do Ecossistema Great People & GPTW, “Os profissionais mais jovens são entendidos como difíceis porque colocam seus princípios pessoais como muito importantes, e não querem se submeter ao que já é praticado pelas empresas, como sua cultura organizacional, trabalho com sobrecarga e pressão, hierarquia, entre outros elementos".

Ela também pontua que a geração entra no mercado de trabalho “num momento em que entendemos que é possível trabalhar de qualquer lugar, ter seu próprio ritmo e numa era digital que permite fazer as coisas do meu jeito e na hora que eu quiser”, contribuindo para a visão desses jovens sobre o mercado de trabalho, além de que a geração está mais propensa a desistir do emprego à medida que se sente sobrecarregada e estressada, com a saúde mental afetada.


Mudanças urgentes:

Levando em consideração a importância da saúde mental no trabalho, é importante que a capacitação de lideranças permita uma gestão eficiente de pessoas, além de uma maior integração entre as equipes.

Também é necessária uma adaptação do mercado de trabalho às demandas atuais, tendo em vista que a satisfação dos funcionários é muito importante para o desempenho de uma organização. Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia identificou que um trabalhador feliz é, em média, 31% mais produtivo, três vezes mais criativo e vende 37% a mais em comparação com outros. Além disso, ele acaba motivado a atender melhor o cliente, a evitar acidentes no trabalho e a reduzir desperdícios.

Outro fator que contribui para esse argumento é o que o livro “O Ócio Criativo”, de Domenico De Masi, destaca. O autor defende que a jornada de trabalho atual ainda segue o padrão estabelecido nos primórdios do capitalismo, quando o dia era dividido em três períodos: 8 horas para o trabalho, 8 horas para o sono e 8 horas para o lazer. Essa estruturação perde sentido nos dias de hoje, já que o lazer daquela época era garantido aos homens graças ao trabalho doméstico das mulheres, responsáveis exclusivas pela manutenção do lar. Atualmente, com a inserção das mulheres no mercado de trabalho e a necessidade da divisão das tarefas domésticas entre homem e mulher, além de outros fatores externos, como o trânsito intenso das grandes cidades, grande parte dessas horas acaba não sendo destinada ao lazer, mas sim a obrigações e deslocamentos entre casa e trabalho. Diante disso, os trabalhadores percebem a necessidade de uma redução da carga horária, como discutido anteriormente.

Portanto, entende-se que para atrair e reter talentos da Geração Z, as empresas precisam rever suas práticas internas. Organizações mais flexíveis, colaborativas, transparentes, com ambientes diversos e que ofereçam espaço para sugestões e inovações tendem a conquistar esses profissionais.

Essa mudança de mentalidade já está em curso em diversas startups e grandes empresas globais, que oferecem programas de bem-estar, liberdade de horário, plano de carreira personalizado e até participação nos rumos estratégicos do negócio.


Conclusão: uma nova cultura de trabalho em construção

O ingresso da Geração Z no mercado de trabalho representa mais do que uma simples transição geracional: trata-se da construção de uma nova cultura profissional, baseada em valores como autonomia, propósito e desenvolvimento pessoal.

Cabe às universidades formar jovens conscientes dessas mudanças e prontos para lidar com os desafios de um mundo profissional em transformação, a Faculdade Serra Dourada, por exemplo, oferece uma graduação focada em oportunidades de estágio, capacitação, projetos conjuntos e experiências que aproximam o estudante da realidade do mercado e da comunidade.



Giovanna Bruzzi
Giovanna Bruzzi

Serra Dourada